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domingo, 30 de setembro de 2012

Cortina


Queria ser artista
Subir ao palco glorioso
E dar meu corpo, minha alma.

Viver em um mundo de cultura
Me parece um tanto sucinto.
O que seria do íntimo
Se não fossem as improvisações?

Sinto falta das luzes,
Holofotes, nomes em glória,
Abraços em final de espetáculo.
Sinto falta dos braços,
Amassos e dos acordes ao final.

Quero subir ao palco uma outra vez
Luzes brilham, piscam
A emoção de estar pronta a sair,
Entrar em cena
Fingir, emergir, acontecer.
A música soa e
A cortina fecha mais uma vez
Levando com ela a tentativa de ser,
Mais uma vez, artista.



sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Baú de memórias


Em uma caixinha pequenina
Que encontrei balas e doces
Encontrei rumores
De uma memória ardente.

Abri-a devagar e encontrei pequenos desejos:
Amor, carinho e um pouquinho de anseio.
Palavras tortas, papéis mal dobrados.
Encontrei um baú de regalos.

Achei lembranças de outras vidas
Outros dias
Em que o sol brilhava sobre minha cabeça
E a grama tocava meus pés livremente.

Hoje, enclausurada em sapatos
Com a lua a minha frente
Andei sem caminho
Por longas estradas afora de meu próprio mundo.

Abri, hoje, uma pequena caixinha,
Baú de memórias minhas,
Reavivei o ardor das lembranças, fechei a tampa
Recomeçando do breu mais uma vez.

Lua minha, venha me salvar...

domingo, 16 de setembro de 2012

Noite de chuva


Em uma noite chuvosa
Com a pipoca de microondas
Sobre as cobertas
Meu ninho se formou.

Perdido em torpores
Azul céu, salgado ou doce
Me perdi no seu abraço
Acordei sem teus braços
Sentei e chorei.

sábado, 8 de setembro de 2012

Sobre verdades


Em certo tempo,
Enquanto caminhava
Pensei serem os amigos as maiores verdades deste mundo.
Enquanto eu via o que me cercava
Grama fofa em meus pés,
Pássaros alvos no amanhecer
Percebi que as coisas mudavam:
Decepções vinham,
Chateações nos cercavam,
Mas manter a cabeça erguida era a solução.
Enquanto eu caminhava,
Em longas estradas,
Percebi que de todas as minhas verdades
Somente uma realmente me acompanhava.
Agradecer é pouco
As verdades nobres que me fazem bem.
Em todo tempo
Acompanhada pela única verdade que me cercava
Percebi:
Cansei das meias verdades que, em totalidade, nem verdades eram, realmente, para mim.

domingo, 2 de setembro de 2012

Acaso


Nós encontramos o acaso
E entre casos
Nos perdemos.
Achamos o nosso destino
E o deixamos partir.
Onde foram parar aquelas promessas
Feitas ao pé do ouvido
Enquanto discutíamos, aos abraços
A cor dos passarinhos?
Qual futuro escolhemos para nós dois?
Bastou o tempo ou vamos de encontro a eternidade?
Diga-me, ao invés
Que revés tomou tua forma?
Quem toca agora tua pele que esta longe da minha?
Deitada em ombros largos
Mãos que tocam meu ser
Beija lento o dorso feito
Em ondas de pleno gozo e fervor.
Um dia disse-me:
"Te encontro além"
Nunca mais voltou.
Perdeu-se o valor.
Ninei-te em meus braços
Fiz desaparecer a solidão
Os problemas como fumaça
Teu ser em mim em perfusão.