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sábado, 30 de abril de 2011

Por amor

Capítulo 8


Dois guardas, na ponta da torre, lhe fizeram uma reverência.

-Aonde pensas que vai, princesa Alexia?
-Sair.
-Desculpe-nos, mas temos ordens do rei de não deixá-la sair.

Alexia sabia, tinha a clara ideia de que seu pai lhe vigiaria, mas como livrar-se daqueles guardas?

-Não esqueça que logo serei rainha e que mesmo princesa, posso mandar cortarem suas cabeças!
-Mas são ordens expressas do rei!
-Estão avisados.

Alexia passou por ambos que, aparentemente amedrontados, ficaram sem reação.

-Dwing! Dwing!

Alexia chamou-o várias vezes ao entrar na fria e úmida masmorra. A tocha em sua mão iluminava o caminho e logo adiante, amarrado há um pilar, encontrou seu amado. O rosto baixo e o corpo surrado lhe fizeram gemer ao vê-lo. Aproximou-se dele, deixando a tocha de lado.

-Dwing! Dwing, meu amor...
-Ale...xia.

Dwing havia sido surrado, espancado, batido e levado pequenas queimaduras do charuto de seu torturador. Não ganhava água ou comida há dias e não tinha mais noção de tempo. Seu corpo estava quente e dolorido, mas sentia-se com frio cada vez mais.

-O que fizeram com você, Dwing?
-Alexia... Como vo...cê esta, meu amor?

E ele tossiu e tossiu. Alexia esperou que ele se acalmasse e viu o sangue jorrar de sua boca.

-Você me pergunta como eu estou? Eu estou horrível meu amor, por estar longe de ti.
-E o nosso pequenino?
-Esta cada vez maior, cada vez mais bagunçeiro. Com saudades de você, papai.

E então uma súbita vontade de abraçar Alexia e seu filho surgiu em Dwing e ele não sabe como, mas algo em seu rosto deve tê-lo denunciado, pois Alexia o abraçou, com tanto amor, tanto carinho que ele sentiu-se melhor, com forças novamente. Tentou mexer os braços e  dor lhe tomou. Lembrou-se de algo.

-Saia daqui Alexia, você tem que sair.
-Não vou deixá-lo aqui!
-Você precisa ir... Alguém pode te ver aqui!
-E eu mando lhe cortarem a cabeça!
-Mas o carrasco, ele vem ai...

E em instantes puderam ouvir. Alguém se aproximava pela escada.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Por amor

Capítulo 7


-Dwing!

Gritou Alexia em um misto de felicidade e dor. Era tão bom tê-lo por perto. Correu para seus braços e então sentiu-se segura novamente.

-O que ousas fazer aqui, plebeu?

Era Enrico III quem gritava perceptívelmente aturdido.

-Vim buscar meu coração, minha alma e meu filho. Não intervenham por favor, nós temos um destino.
-Hão de concordar que minha filha nunca o terias como esposo.
-Vamos Dwing, vamos embora daqui.
-Como ousas minha filha.
-Já chega de tudo isso, eu já não aguento mais! Papai sei eu o que você pensa, mas eu não posso evitar, amo Dwing como nunca amei ninguém.
-E eu, Alexia, o que sobra para mim?
-Há você o carinho, meu caro Enrico, não tenho culpa de não amá-lo. Vamos Dwing, vamos para casa.
-Mas esta é sua casa, filha!
-Não desde que sai daqui para viver o amor.
-Guardas!

Em instantes, homens em roupas formais e coloridas entraram. Ao comando de Enrico III, Alexia e Dwing foram separados, sendo ele levado para as masmorras e ela para a torre de seus aposentos.

-Não! Por favor!
-Não adianta gritar minha filha, sabes tu que não é certo o que fizeste.
-Ele é pai de meu filho, pai de teu neto, meu pai.
-Não tenho netos da plebe e pare de gritar!
-Não! Nunca! Jamais!

Já se passavam cinco dias que não via Dwing e estava desesperada por notícias suas. Alexia sabia que o matariam nas masmorras e não suportaria deixá-lo morrer. Era noite quando decidiu que iria vê-lo. Desceu pela grande escadaria da torre, rezando para que ele ainda estivesse vivo e cuidando para não fazer barulho e nem chamar a atenção.

-Princesa!

Por amor

Capítulo 6


-Quanto tempo princesa, há de convir que não esperávamos encontrá-la aqui.
-Diga-me quem és, não sou Alexia há de convir.
-És a princesa, em qualquer lugar a reconheço. Vamos Valdemor temos uma princesa a resgatar e um pedido de resgate a fazer.
-Por favor, alguém aqui! Dwing! Dwing!

Mas não deu outra, algo aconteceu: a pequena grávida desmaiara abrindo as asas e voando para o além. Os capangas, muito malvados, pegaram a jovem e depois de colocá-la em um cavalo, saíram do vilarejo em busca do rei. Não demorou muito e a moça abriu os olhos outra vez. Relutou, lutou e nada adiantou. Implorou, chorou e nada adiantou. Ao final, deixou-se ser levada. Foram dias de viagem até chegarem ao grande reino. Alexia cansava-se cada vez mais. Sentia calor, sentia frio e o mesmo vestido sujo a estava incomodando. Ela só fazia reclamar enquanto não tentava fugir, mas era tudo em vão, ela já não tinha como partir. “Dwing! Dwing, meu amor!” ela pensava constantemente em como ele iria vir para buscá-la, mas já não havia o que fazer, eles estavam próximos demais e Dwing entrar no reino seria assinalar sua carta de testamento. Um capanga foi primeiro e Valdemor ficou com Alexia. Avistaram o cavaleiro entrar no reino e em instantes um belo saco de moedas em suas mãos estava. Com o dinheiro da recompensa, era hora de entregar o produto. Ao ver a filha tão fragilizada, grávida e em roupas de plebeia, o rei a abraçou sentindo-a gélida. Ao seu lado Enrico III olhava-a com indignação. A rainha em seu pranto olhou a filha beijando-lhe a testa, amparando-a em seus braços.

-Porque me trouxeram de volta, porque me fizeram voltar?
-Não há de estar feliz de volta ao seu lar?
-Me tiraram do amor verdadeiro, o que eu hei de fazer?
-Há de se casar comigo e este bastardo que levas no ventre eu não hei de proteger, acredite nisso, não serei cúmplice deste plebeuzinho.
-Não seja injusto, o filho é meu! Deixe-me amá-lo assim como deve ser.
-Minha filha, Enrico III esta certo. Assim que nascer ele será dado a um casal num reino distante deste daqui. É o certo a se fazer, não nos tente impedir. 

Aos prantos princesa Alexia foi lavada a seus aposentos. Não podia acreditar em tudo que estava acontecendo! Poucas horas depois, cansado e preocupado, Dwing chegava ao grande reino. Depois de chegar em casa não encontrara Alexia e achara estranho. Andou pelo vilarejo, perguntou aos vizinhos e um senhor disse-lhe ter visto dois homens e uma grávida partindo em direção ao grande reino. Assim que soube, montou em seu cavalo levando consigo algumas moedas e a esperança de encontrar Alexia e seu filho a tempo. Quando chegou ao grande reino, pode ouvir sussurros e fofocas sobre a chegada da princesa e teve certeza de que estava no lugar certo. Atravessou o reino encontrando o castelo assim como se lembrava: grande, medíocre e ordinário. Deixou o cavalo negro como a noite na entrada e subiu as escadarias atrás de seu amor. Quando adentrou a grande sala pode ver a movimentação. Todos o olhavam.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Por amor

Capítulo 5


Dwing não se importou com a cara que Galadriel fez ao sair correndo em direção a sua pequena casa. Atravessou o casebre entrando e saindo por aqui e ali até que encontro Alexia ainda no chão, jogada sobre a grama nos fundos da casa. Ela abria os olhos quando ele chegou e não disse nada ao ser carregada por Dwing que lhe colocou sobre a cama.

-Hei meu amor, como te sentes?
-É algo estranho, como se estivesse dentro de mim. É um enjoo, é uma náusea, é... Ai de mim!
-Não te preocupes querida Alexia, acho que sei o que você tem.
-É algo grave Margareth, diga a mim pelo nosso bem.
-Se você concorda ser um filho um bom motivo para preocupação, te digo sim, te preocupes que sinto que ai vem um lindo garotão.
-Crês mesmo que estou grávida e que dentro de mim habita um ser?
-Não tenho duvidas, minha querida. Desmaio, enjoo, é o que uma grávida mais tem.
-Meu amor, minha pombinha, és verdade que um filho esperas de mim?
-Ao que a mim tudo indica, um filho teu eu terei sim.

Dwing beijou Alexia, prometendo a si que a partir de agora só coisas boas iriam acontecer. Beijou mais uma vez e outra e acabou saindo para a padaria voltar. Contou à Galadriel a novidade e este sorriu de felicidade.

-Olha, meu rapaz, aqui e agora te digo. Tenha um futuro próspero, terás um herdeiro, heis o milagre divino!

Sorrindo Dwing assentiu. Passaram-se meses e meses e Alexia sentia-se cada vez mais indisposta. A barriga crescia exageradamente e Dwing teve que se dividir entre a esposa e o trabalho o que lhe dificultava às vezes a relação com o patrão.
Meses se passaram e a busca por Alexia era constante. Todos os reinos a procuravam e Enrico III estava inconformado por ser deixado para trás. Prometeu matar aquele que lhe roubou sua prometida e cortar-lhe a cabeça na guilhotina. Foi então que alguns foragidos, capangas nada do bem, um dia quando passaram pelo pequeno vilarejo de Werstanville viram a pequena princesa caminhar sozinha. A barriga saliente não lhe tirava a beleza inconfundível aos olhos de qualquer um. Foi então que decidiram, pegariam a princesa e uma recompensa pediriam. Ainda mais pelo bebê que deveria valer o dobro, pois porque não um herdeiro do trono haveria de valer mais do que dois ou três? Ao vê-la afastar-se de onde havia mais pessoas, não hesitaram em atacar. Um segurou sua boca e outro muito calmamente o ajudou a carregá-la mais para lá.

domingo, 24 de abril de 2011

Por Amor

Capítulo 4


Galopando para além dos muros do reino, Alexia sentiu-se viva ao ter o amor entregue a si. À noite, após todos irem dormir, guardou alguns vestidos em sacolas, ajeitou seus pertences, pegou suas jóias. As moedas que há muito juntava, guardou em meio as roupas. Após tudo arrumado, escreveu uma pequena carta: “Aos meus pais nada de preocupação, vou atrás de meu coração e amor verdadeiro”. Ao chegar ao lugar combinado, acelerou ao vê-lo sentado sobre a grama em baixo de um grande carvalho.

-Dwing meu amor!
-Ah quantas saudades de ti eu tenho minha pequena pomba! Já pensavas que algo de mal havia de acontecer.
-Da-me um beijo nem mesmo acredito que enfim o amor puro há de ser dividido sem a preocupação de um caso escondido.
-Minha pequena pomba, veja no que me transformou: te tenho tanto amor guardado.
-A mim não é diferente, meu amor.

Beijaram-se logo partindo. Alexia havia tirado seu grande e volumoso vestido optando por um vestido simples, sem armações que Dwing havia lhe comprado. A cavalo, costearam uma grande parte da costa, entrando em pequenos vilarejos para se alimentarem e darem descanso aos cavalos. Em um certo vilarejo, porém, encontraram uma pequena casinha onde decidiram passar o resto de seus dias. O lugar chamava-se Werstanville e era uma pequena vila de comerciantes independente de qualquer rei e de qualquer outra parte da realeza. Durante anos Alexia dedicou-se a tornar-se uma bela dona de casa. Já não usava seus vestidos rendados e volumosos e nem importava-se quando Dwing a via desajeitada e desarrumada, pois sabia que o amor de ambos era maior do que qualquer aparência. No pequeno vilarejo, Dwing trabalhava em uma pequena padaria, fazendo massas, vendendo doces, limpando o chão, porém estranhou quando, correndo, Margareth, sua vizinha, entrou aos gritos pela padaria.

-Dwing! Dwing, meu caro! Corre que é tua mulher que caíste ao chão sem meios termos.