Era uma linda manhã. Pude ver pela fresta da cortina aberta que fazia com que a luz do sol batesse em meus olhos. Levantei-me e uma dor aguda atingiu-me o pescoço. Ok estava com torcicolo. Virei o pescoço para um lado e para outro tentando fazer com que o incomodo passasse e só o fiz piorar. Espreguicei-me dando com o braço direito no abajur e quebrando a lâmpada. Anotação mental: comprar lâmpadas novas! Encolhi os braços tentando não derrubar mais nada, fui ao banheiro e ao sair dei com o dedinho do pé na porta. Sorri indignado, a final, meu dia estava sendo ótimo! Olhei o relógio e estava, novamente, atrasado para o trabalho. Corri para pegar o ônibus e este ao parar molhou-me com a água empoçada no beiral da calçada. Entrei e um ar gelado me tomou. Pela primeira vez em anos o ar condicionado do veículo estava ligado no máximo, isso que faziam 8°C lá fora. De pé segui para meu trabalho. Caminhei apressado e fui recebido por um grito de meu chefe. Mais um atraso e estava despedido. Anotação mental: comprar um despertador que toque na hora certa. Na hora do almoço cheguei atrasado e tudo que consegui pegar no Buffet fora uma carne fria e um pouco de massa. “Legal”, disse olhando o prato e, perdido em pensamentos, mordi a bochecha. Durante a tarde, foi tudo calmo, chuvoso. Corri e perdi o primeiro ônibus e depois de vinte minutos, encharcado, embarquei para casa. Passei no mercado e comprei o que queria, e precisava: lâmpadas, frutas, ovos, sabonete, despertador e um belo pedaço do pudim de leite que tanto gostava. Fui para casa e acabei por tropeçar ao subir na calçada. “Ótimo!” disse ao vento. Com meu pequeno desastre havia machucado um dos dedos do pé e quebrado metade dos ovos que havia comprado. Entrei em casa e a chave quebrou na porta. Larguei as compras em seus lugares e levei a lâmpada comigo. Ao entrar em meu quarto percebi que a janela havia ficado aberta tendo, com a chuva que caíra o dia todo, alagado todo o aposento. Juntei o abajur e ajeitei a lâmpada, girando-a. Quando a rodei uma ultima vez, ela acendeu-se e senti um incomodo em meus dedos. Sim, eu havia levado um choque. Louco por um banho despi-me indo fazer a barba, o que me resultou em um talho na bochecha. Liguei o chuveiro sentindo a água levemente fria, sinal de que o gás estava com problemas. Suspirei debaixo da ducha e peguei a caixinha com um novo sabonete. Abri a caixa e sem perceber, o sabonete estava quicando sobre meu pé - o que havia batido na calçada - e caindo no chão. Juntei-o sentindo a dor em meu pé cessar com o contato da água quase fria do chuveiro. Agasalhei-me enquanto separava uma carne para a janta. Coloquei-a na panela e quando estava quase pronto, queimei-me. O arroz já havia ficado negro há tempos então somente sorri ao olhar minha janta: um bife sem sal, pois havia me esquecido de comprar no mercado, e um arroz queimado. Enquanto mastigava, ao olhar televisão, mordi a bochecha novamente. Suspirei ao sentir o aroma de café que emanava em minha casa após a janta. Enquanto este estava sendo pronto, peguei meu pudim de leite na geladeira e quando o coloquei sobre a pia, vi-o escorregar caindo na pia cheia de água. Cansado dos desastres de meu dia, enchi minha caneca favorita vendo-a trincar e sorri ao sentar no sofá. Mudei de canal constantemente até achar um desenho animado, a final, não estava com vontade de ver mais desgraça em frente à tela, já bastava meu dia. Feliz pelo canal encontrado sorvi o café sentindo minha língua queimar. Desisti de tudo. Deixei o café ali mesmo, desliguei a televisão, vesti-me para dormir, não sem antes ajustar meu novo despertador, e cai na cama.
A final, amanhã será um longo dia, não?
Para o Adriano, o cara que teve um dia totalmente sem sorte e ainda sorriu no final dizendo que amanhã seria um novo dia. Obrigada por ser meu amigo sempre e me ajudar com as minhas esquisitices e idiotices indecifráveis. Porque você sabe dos meus dias e resolve a minha vida fazendo-me sorrir.