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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Ensina-me a voar


E eu procurarei,
No amanhecer,
O teu sorriso.
No caderno
Pequenas lembranças
Palavras que certa vez vi
Escondidas em um folhetim,
Em uma carta.

Buscarei,
Nos sonhos,
Uma nova história.
Entenderei,
No sorriso,
A malícia.

Olha de novo meus olhos,
Fala mais uma vez o que eu quero ouvir,
Devolve as asas,
Ensina-me, de novo, a voar.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Amanhã


Amanhã?
Amanhã eu vou embora pra nunca mais
Não para tentar de novo
(a não ser que me recebas com aquelas flores, aqueles beijos, abraços e chamegos novamente)
Amanhã eu vou pra recomeçar.
Conhecer o novo
Esquecer o velho
Afastar o mal
Enxergar o bem.
Amanhã eu vou
E não volto.
Amanhã eu vou deixar de tentar
Eu vou conseguir!
Vou deixar de pensar
E vou agir!
Amanhã não vou me restringir
Eu poderei!                                                           
Amanhã!
A não ser que me recebas, novamente, com aquelas flores, aqueles beijos, aqueles abraços e chamegos...

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Livre pra jamais


De tudo que eles sempre sonharam
Apenas duas realizações:
Nunca esquecer um do outro
E não haver afastamentos.

De tudo que sempre houve em todos os sonhos
Amor e adoração eram pontos principais:
Nunca deixaria de haver o carinho
Não haveria de deixarem de se amar.

Em todo pleno voo
Asas cresciam cada vez mais...
E quando não se apara as pontas
Um dia se deixa livre pra nunca mais.

Eu era o pássaro do sonho:
Do amanhã eu queria vida
Do hoje eu queria carinho
De ontem eu queria momento.

Em prantos, em um certo dia
Luz, água e vida
Borboleta saiu do casulo
Pássaros em sintonia.


sábado, 21 de janeiro de 2012

Voastes


Gotas de mel
Doces, pequenas, quentes
Na dose certa
Você distribui-as em meu ser.

Eram carinhos, carícias
Gotas de prazer.
Em certos tempos eu pensaria
Agora, no entanto, só me permito agir.

Selvagem, subia sobre mim
Corpo a corpo
Pele na pele
Tocavas meu ser com palavras.

Tinha na pele o desejo
O íntimo intocado
Braços meus te seguravam
E te guiavam pelo meu ser.

Eras paixão
Desejo.
Eras precipício
Salvação.

No entanto, num arrebato
Deixou de lado tudo o que sonhávamos:
Desejo, paixão, amor e carinho.
Voastes do ninho, para nunca mais.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Chuva e solidão


É madrugada e chove lá fora
Aqui dentro só ansiedade, quero liberdade.
Dentro de mim, saudade
Fora de mim, solidão.

Eu hei de ter um contato,
Mas não há chances, nem sina...
Quero caminhar até o mar
Sentir a brisa
E lá me atirar.

Quero ir até o mar
Com água gelada ou não.
Que seja bom, que me faça companhia:
Frio, saudade e solidão.

Não há mais o que fazer:
Quero ir até o mar, mergulhar
E ter certeza de que lá me haverá companhia
A água fria – ou quente, não o sei –
A saudade – que dentro de mim habita –
E a solidão – que a mim, cerca.

Mas não ir por vontade
Ou ir somente pela companhia – da água fria –
E sim pra matar a saudade
De uma companhia
Que me escuta
E aconselha.

Estou há muito perdido
Olho para os lados, só paredes
Quero alguém que me escute,
Me aconselhe,
Mas aqui não há ninguém.

As palavras já sem rima
Insistem em sinfonias
Destoam do que eu queria
Já não sei mais fazer canção!

Sozinha, no frio
Sem companhia que me escute e aconselhe
Olho para as paredes
Esperando que as palavras decidam – enfim
Que se torne, essas poucas rimas,
Um poema de outrém.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

O que é o amor?


A moça chegou ao menino e lhe perguntou "o que é o amor?". O menino, meio sem graça, respondeu-lhe calmamente "é algo bom". Anos depois, em meio a uma conversa, a moça virou-se para o menino já crescido e pergunta-lhe novamente "o que é o amor?". O rapaz abaixa a cabeça e tenta formular algo sobre o que era o amor. Comprimiu os lábios, estalou os dedos: "Amor é algo bom que sentimos. Nossa mãe nos ama porque nos deu a luz, porque fomos gerados nela... Nosso pai nos ama porque surgimos da união dele e de nossa mãe. Somos partes deles, por isso nos amam."
Passaram-se mais alguns anos, a diferença de idade entre ambos era de dez anos. A mulher agora, com seus 30 anos pergunta ao rapaz, no auge dos seus 20 anos o que era o amor. Respirando firme, comprimindo os lábios, estalando os dedos e olhando os objetos ao redor dos dois, o rapaz lhe responde "amor é algo bom que sentimos. Nossos pais sentem por nós, nossa família sente por nós porque somos parte dela. Amor também é algo que nos faz querer por perto, manter por perto. O amor é algo bom, algo ótimo". A mulher escuta o rapaz e depois de mais alguns anos, em meio a conversas e sorrisos ela pergunta ao rapaz novamente "o que é o amor?".
No auge dos seus 25 anos, o rapaz respira firme, comprime os lábios, estala os dedos, olha os objetos ao redor, pega nas mãos da mulher a sua frente e as acaricia. Olha em seus olhos e sorri.
"Amor é algo bom que sentimos e que pode até se dizer que é ótimo. Amor é o que nossos pais e parentes sentem por nós, porque somos parte deles... Amor é o que sinto por ti, que me esperou todos esses anos, perguntando-me o que era o amor se eu já tinha a resposta na minha frente. Amor é você e tudo o que sinto. Amor é algo ótimo que me faz te querer por perto, te abraçar por nada, segurar em suas mãos só para poder sentir um pouco da tua pele. Amor é algo que sinto e que descobri que só sinto por você, porque você é parte de mim. Eu sou você, você sou eu".
Anos depois, enquanto desfrutavam da companhia um do outro, o homem vira-se para sua mulher e enche-a de beijos. Cobre seu rosto de carícias e sorri perguntando-lhe "o que é o amor?".
Sem hesitar, titubear e com o mais doce olhar, a mulher lhe sorriu.
"Amor é algo bom, algo ótimo, aliás. É algo que sinto por nosso filho, porque é parte de mim, parte de nós. É algo que eu sinto há tempos por ti, que me fez te esperar e perguntar-lhe várias vezes o que é este sentimento. Amor é o que sinto por ti, que me mantêm perto, que me faz te querer cada vez mais. Amor é saber que nossas vidas terminarão juntas e felizes. Porque eu sou você e você sou eu".

domingo, 8 de janeiro de 2012

Encontrei


Olhei pra rua
Vi a lua
Olhei o mar
Vi teu caminhar.

Sobre o céu estrelado
E o pensamento distante
Encontrei, ao longe
O que me reservava o destino.

"Lembra de mim?"
Disse a voz doce.
"Não"
Respondi sem dúvidas.

Então num rompante
Num grito sem pudor
Deixou claro aos quatro ventos
Sua declaração de amor.

"De onde, se não te conheço?"
O medo me assustava
"Do teu corpo ardente em chamas,
Do teu olhar sedento,
Do teu toque quente, em mim
Te reconheço."

E mais uma vez, perdida
Sem hesitar lhe respondi:
"De onde se não te conheço,
Enfim, olha pra mim"

E então teu olhar cruzou o meu
E percebi a veracidade de suas palavras.
Era quem eu esperava com anseio
Era quem eu podia dizer que amava.

Tanto tempo ao relento
Esperando por alguém
Podia dizer que meu coração agora batia
Descompassado ao te ver.

"Tanto tempo sem te ver,
Já não sabia que meu coração batia assim"
"Desculpe se demorei
Não conseguia chegar aqui!"

"Foi tão difícil de me procurar?"
"Quando a nossa alma grita
Aos quatro ventos o amor
Não é difícil reconhecer
Por quem nosso coração,
De anseio,
Latejou"

"Tens em mim tua direção?"
"Tenho em ti meu coração
E minha alma
E minha paixão..."

"Fostes embora sem razão!"
"Não fui embora, minha vida,
Tinhas em ti todo meu ser!
Não lembras o que te disse, certa vez?"

"Ao encontrar,  na noite
A estrela mais brilhante,
Será ela o rompante
Do meu coração ardente em chamas
Buscando a paixão eterna,
O deslumbramento do eterno,
A recusa com o descreio,
O furor ao amanhecer
O te procurar em meus braços e não te ter,
Serei luz na imensidão
Da vasta escuridão
A te procurar!"

E então com dois passos
Alcançou-me em seus braços
Enlaçou-me da maneira que o queria.
Era, sem dúvida
Toda uma questão de duas vidas:

A minha na dele
E a dele na minha.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Procure-me


Procure-me se for do seu agrado
Se fizeres caso
Lembre-se que tudo que um dia eu disse
Continua verdadeiro.
Se for do teu agrado e
Talvez, quem sabe
Seja esse teu anseio
Busca-me com intenso desejo
Que responderei
Aos teus intentos
E digo-lhe, talvez ainda com pudor
Que o mais profundo em mim
Gritava por tê-lo de novo.
Ah, desejo louco
Minhas mãos anseiam o intocável!
Esbraveja minha boca
Aos gritos surdos
De ouvidos sem rumo
Sem som de nada.
Batuca meu coração
Enquanto a mente flutua
Em uma outra direção.

Lar


Incapacitado de sorrir, o menino fez os olhos brilharem. Era sua máscara para a dor que deveria sentir. Cansado de tanto sofrer, havia saído de casa na calada da noite e, escondido entre os arbustos das casas vizinhas, saíra do alcance de conhecidos que poderiam levá-lo para casa novamente. Sorriu mais uma vez, com os olhos, é claro. Na mochila levava apenas as coisas que lhe lembravam do prazer de estar em casa: a foto do cachorrinho Billy, um retrato da família de quando ele era menor, o desenho da estrela que o irmão havia feito e o boneco de pano que tanto adorava e, é claro, alguns pacotes de biscoitos e o cofre de porquinho que guardava suas moedinhas calmamente. Enquanto caminhava pelas estradas no meio da noite, observou que as estrelas mudavam de lugar tranquilamente, a lua parecia lhe sorrir. É, havia escolhido um bom dia para sair de casa. O menino parou. Olhou um homem dormindo jogado em um canto da calçada. “Não durma no chão, moço, você pode se resfriar!”, mamãe sempre lhe dizia que se deitasse no chão, ficaria gripado. O homem lhe sorriu, “hei menino, onde está sua mãe?” “Em casa, é claro, dormindo” “fazes o que aqui, então?” “estou procurando um futuro melhor, moço. Fugi de casa. Sai agorinha mesmo” “O que procura em teu futuro?” “algo como meu irmão não me incomodando, meu pai não brigando comigo e minha mãe não me obrigando a tomar banho”. Dito isso o menino fez uma cara de desgosto e o homem, que agora, sentado, observava o garoto, começou a rir. “Você já pensou, menino, o que vai te acontecer agora que está longe dos teus pais? Pensou em quem vai te dar um beijo de boa noite? Para que cama fugirás ao sentir medo na noite de tempestade? Quem vai preparar teu café da manhã com leite morno e pão aquecido? E, a final de contas, pensou em quem vai te dar amor e carinho todos os dias?”. O menino parou pensando em tudo que o homem lhe dissera. Havia chegado a uma conclusão. Abraçou o homem que lhe aconselhara. “Obrigado”, ele disse virando as costas e indo para casa. Não, não há nada melhor que o nosso próprio lar.