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segunda-feira, 4 de julho de 2011

Sonho em tons e versos


Nas sombras negras das árvores por trás de minha janela, podia sentir o que viria dali. Talvez fosse apenas um indefeso animal perdido entre as folhas, mas eu sabia, eu podia sentir que estavas ali mais uma vez a me observar. Sereno, quieto. Deslizei os dedos sobre o vidro de minha janela, esperando por algum contato, algo que me fizesse senti-lo ali, mas era em vão, eu só podia sentir o grosso e gélido vidro que me separava de ti. E uma e outra vez meu olhar inundava-se de lágrimas, borrando minha maquiagem e deixando-me mais uma vez ali, sentada em frente à janela a observar. Um cão uivou ao longe e uma e outra gota bateram na janela fazendo-me despertar de meus pensamentos mais uma vez. E então te foras do alcance de meus braços, do ressoar de minha liberdade, do poder do meu carinho. Era mais um dia chuvoso, o vento batia forte nas copas das árvores e mais uma vez eu estava lá, em minha janela, observando-o me observar. Seu olhar encontrou o meu e de uma maneira ou outra notei que não poderia estar delirando uma vez mais. Meus dedos deslizaram pela janela e um trovão cortou o céu, fazendo-me despertar. Enfiei-me embaixo das cobertas, deixando o frio cortante da solidão tomar conta de mim mais uma vez. E outra vez eu estava lá, sentada em frente à janela, olhando algumas gotas de água bater em minha janela, sua sombra estava ali, mas seus olhos eu não podia ver. Abraçada as minhas próprias pernas, deixei-me levar pela melodia de caixinha de musica que entoava em minha cabeça. E uma e outra vez me vi sobre um palco dançando, o frufru bem alinhado e o coque bem feito. Outra vez me encontrava embaixo das cobertas, a solidão me perseguindo e o sono tomando-me conta. E uma outra vez eu estava a despertar dos sonhos que passaram-se e era hora de recomeçar. A questão, porém, é que por mais sonhos que eu vá ter, por mais insano que possa ser, por mais delírios que eu venha a ter, lembrar-me-ia de seus olhos, do seu carinho ao me observar e, através daquela imensa janela, da qual eu não podia passar, te amaria em tons e versos até que um dia pudesse voltar aos meus pensamentos à pessoa que me ensinou a amar.

1 comentários:

  1. Olhando no fundo das entrelinhas essa é a história de amor mais intensa, ardente e desejada que pode existir...

    Me arrepiei. No sei se é frio, teu post ou os dois; eu diria a terceira opção adsijoadsiooasd

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