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domingo, 12 de fevereiro de 2012

Em minha cama


Em minha cama vejo um corpo
Robusto e trêmulo
Que, envolto nos lençóis que antes nos cobriam
Jaz inquieto e esticado.

Espasmos seriam o nome disso
Se não fossem a cor que há nos seus olhos
Castanhos tão intensos, negros
Que não me deixam mais do que desejo como resposta.

Há um corpo em minha cama
E quanto mais eu me afasto
Mais inquieto fica
E seus olhos negros, negros, negros de desejo perseguem-me loucamente.

Olhei-me no espelho
Talvez ali também estivessem
Inquietos e negros
Um par de olhos castanhos quase negros de desejo.

O que eu via no espelho, porém
Eram os olhos fora da pele que habito
Eram castanhos quase negros de desejos
Olhos meus que não o viam.

A imagem distorcida
Se desfez em pontas lentas
Quebrou-se o espelho
E vi somente num talho o que sobrara no espaço

Um corpo em minha cama...

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