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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

A sorte não é para todos

Eras tão belo...Talvez se não houvesse me apaixonado por aquilo, não estaria aqui, contando-lhe o que vivi. Claro que esta não é uma história de amor, mas, à clara razão, me deixo pensar que talvez, se não fosse por ele, não estaria eu, quem sabe, escrevendo isto que lês agora. Não sou talvez autor-defunto, muito menos defunto-autor, como diria Machado de Assis, mas digo algo que talvez, não surpreendentemente longe, inalcansavel, mas sim obtuso, obstante, no aparente, quem sabe, modo de viver, que sou apenas aquela que um dia decidiu morrer. Digo a você, meu caro leitor, que não gosta de ouvir lorotas, que ao acaso do esquecimento, não digo meus pretextos, pois os logo inventarei. Quem sabes diga, um dia talvez, que na verdade a história triste que venho lhe contar nada mais seja do que um drama apaixonado ou que não passe de um romantismo realista, mas apesar da estrita estrutura formada, digo-lhe e não por acaso, que vem ao retrato, memórias vivas de minha pessoa. Estavas eu a andar pela rua, talvez não fosse propício: a um tiro poderias eu morrer? Mas ao que me passa, de sorte tomada, um revira-volta me faz bem. A chuva calma no meu semblante, talvez agora, ínfimas gotas não me fazem questão ao andar pelas ruas livres, mas ao chaqualhar das longas almas vivas, meu roçar de pensamentos não se enrosquem ao seus, e a grave pneumonia, que a todos atingia, ao meu ser não ocorreu. Andavas eu, agora que vive em terras serenas, na chuva que a todos tomava, por um tiro que a pouco tomavas, revira-voltas e lá vou eu. Andavas livre, saltitando por ai e a moça que atingida foras, do carro que, de certa forma, provavelmente, atingirias a mim, gritava por socorro, ao qual não respondi. Não por injustiça, talvez devesse eu lá, gritar por socorro e ajudar a quem minha sorte não deixava aproximar. Descobriu certo tempo depois, não por superstição, mas talvez, ligação ao azar, aquele que a socorrera morrera depois de gravíssima doença vascular. Não sei porque, ainda que meus pensamentos não estejam bagunçados, porque dá força do destino me levar ali. Sapiente do que levara o amor a me encontrar, ou talvez, quem sabe, fosse a mesma força que faz a roda gigante girar, tornei-me o que não pretendia exaltar. Apaixonei-me em frente a um altar. Tal qual o inseguro tiro, a chuva penumoniosa e a ajuda sequelar, apaixonei-me diante um altar e nada mais poderia fazer feliz aquele que tudo de feliz tinha. A sorte me acompanhava e não havia o porquê de não sorrir. Anos depois, cansada de tudo isso, um absurdo contínuo, do tiro não tomado, da pneumonia não obtida, da doença não tida, do altar contido, a loucura tomou-me. Mas não a loucura agressiva, compulsiva, por minha sorte, era uma loucura normal. Talvez perguntes, caro leitor, como uma loucura intitula-se normal, se loucura é loucura e não há nada mais irreal do que o próprio ser, atirei-me do quinto andar e enfim aconteceu. Vi meu amado chorar sobre meu corpo, ao ser levada para junto aos anjos que me tomavam as mãos e ajudavam-me a voar e no juízo final fui concebida por regalar os céus por minha presença altiva. Não demorava muito e o pano caiu, a caixa fechou-se e no pranto dito indigno, tornei-me inesquecivel. Pois é, sorte minha, não?  

1 comentários:

  1. Noossa, tu podia virar contista! o.O

    aeaeee sumiram as graminhas!!! asdjiasdjiasdjisad -q
    bjoo, adoro teu blog <3'

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