Mas de que time eu sou?

Quarta-feira, 20h30min. Estádio de futebol. O pai, a mãe e Ana Clara, a filha, assistiam o início da partida.

-Ô pai...

-Fale Aninha.

-Pra que time a gente tem que torcer: o de camisa azul ou camisa vermelha?

-Camisa azul, né filha, que é o melhor.

-Porque é o melhor papai? Ele ainda não fez nenhum gol.

-O jogo acabou de começar Aninha, eles já vão fazer um gol. Agora fica quietinha por um tempinho para o papai ver o jogo.

-Um tempinho? Certo. Ô pai, já passou o tempinho?

-Não Ana Clara, não passou.

-Mas pai, porque tu torces pelo azul?

-Porque o vovô torcia pelo azul e porque o azul é o melhor.

-Porque o azul é melhor se ele não fez gol ainda?

-Porque é Ana Clara e fique quieta agora!

-Ô papai...

-Que você quer Aninha?

-Porque a gente tem que torcer para o azul se vermelho é uma cor tão bonita?

-Porque o azul é o melhor.

-Mas é tão bonita a camiseta do vermelho.

-Não, é feia. Agora fique quieta.

-Mas papai...

-Quieta.

-Papai.

-Que foi Ana Clara?

-Pra que a gente tem que torcer?

-Pra ele ganhar.

-Pra quem ganhar papai?

-Para o time de camisa azul.

-Mas a vermelha é tão bonita.

-Não é.

-Mas papai eu gosto mais de vermelho do que azul.

-Mas o papai ama o azul e você tem que amar também.

-Papai...

-Que Ana?
-O vermelho não é a cor do amor?
-É Ana.

-Então se é a cor do amor, a gente não devia amar o vermelho?

-Não, nós não deveríamos.

-Mas eu gosto do vermelho.

-Mas não é pra gostar, entendeu Ana Clara? Não é!

-Não é o que pai?

-Não é para amar o vermelho.

-Gol!

-Gol de quem pai?

-Do nosso time filha!

-Pra que time a gente tem que torcer mesmo, papai?

-A próxima vez não trago você junto.

E bufou preferindo não ter tido a ideia de trazer a filha para ver um jogo de futebol.