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sábado, 12 de fevereiro de 2011

Malandros da noite

Capítulo 6


-Nada.
Sempre nada! Desisti de lhe perguntar algo e sorrateiramente deslizei para baixo dos lençóis novamente juntando-nos em um. Ned não empunhava mais seu belo mosquete e nem sua espada. Os dias passavam e sua cor parecia diminuir.
-Ned diga-me o que se passa! Pelo amor de Deus! Tu não tens mais cor neste rosto, esta virando em carne e osso e nem teu mosquete empunhas mais!
-Não se passa nada minha doce Elizabeth, nada! Te pões louca pensando em estas besteiras.
-Não são besteiras... Por favor Ned, diga-me que se passa.
Mais uma vez ele afundara o rosto entre nossos lençóis e ele havia perdido os sentidos. O frio do silêncio assolou meu coração e mais uma vez Ned vinha para meus braços confortar-se em sua dor. Passamos a esquecer do que vivíamos, para que vivíamos e nos amávamos dias e noites a fio. Ned tornava-se cada vez mais frágil. A meu ver, tornava-se uma delicada peça de cristal. E nos amamos, e amamos, e amamos por horas, dias, semanas. O fim estava próximo e eu podia sentir isso. Ned largou-se sobre meu peito nu e escorregou sua mão até meu ventre.
-Elizabeth, minha querida, você sabes o que se passa.
-Sim, eu sei.
-Você sabe que não ficara sozinha.
-Sim, eu sei.
Naquela madrugada, entre meus braços, Ned dera seu último suspiro. O aninhei em meus braços e chorei o que precisava. Eu não estaria sozinha dali em diante, uma parte dele crescia dentro de mim. Na manhã seguinte meu querido Ned foi enterrado e até hoje eu e Catarina, que tem os olhos do pai, levamos lírios ao seu local de descanso eterno.
Lírios eram suas flores preferidas e Catarina, desde pequena, sempre tivera tudo que uma menina de sua idade precisava. Naquela mesma véspera de Natal em que Ned faleceu, eu havia conseguido um emprego onde trabalhava com flores. Nosso pequeno lar fora mantido e depois de anos e anos, Catarina, em uma de suas brincadeiras descobrira uma fortuna que Ned havia deixado para nós duas. Ele sabia de alguma forma, que encontraríamos aquele pequeno tesouro quando precisássemos e agora Catarina valsava nos braços de alguém. Eu havia feito minha parte e nossa menina, de Ned e minha, havia crescido e eu sentia-me fraca. No tamborilar de meu coração a valsa continuava a tocar e em poucos instantes, após ver minha pequena menina feliz nos braços de um justo homem, juntei-me a Ned, pois sabia que tinha entregue meu maior tesouro à sua própria vida.
Prólogo

Nunca fora descoberto do que Ned e Elizabeth realmente morreram. Alguns dizem ter sido de amor, outros falam em problemas do coração. Mas teria sido realmente justo juntar seus corações e perpetuar a história desses dois malandros da noite? 

2 comentários:

  1. Carolzinha!
    Com mais histórias como essas, tens aptidão especial para ambicionares algo mais enquanto escritora! Gostei muito da sensibilidade da tua narrativa e sobre como discorres cada acontecimentos. Tens futuro!
    Beijim!

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